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sexta-feira, 6 de abril de 2012


TEMA I: MUTAÇÕES SOCIAIS E SISTEMAS EDUCATIVOS



Hoje é sexta feira Santa. Estava eu, mulher, esposa, trabalhadora e mãe com trinta e seis anos a pensar….há uns bons vinte anos nesta semana da Páscoa, numa sociedade portuguesa maioritariamente católica apostólica e romana, cumpriam-se vários rituais religiosos e transversalmente sociais. Trabalhávamos menos, respeitando as estações da via sacra, o silêncio era prática fortemente obrigada e as eucaristias diárias culminavam com o júbilo do sábado de aleluia.

Mas, que tem isto a ver com as mutações sociais e a educação?

Tudo, digo-vos eu.

Os tempos mudaram, radicalmente, em todos os aspetos. Desde a política, agora orientada por pensamentos e ideais mais efémeros e tendencialmente mais localizados e menos fundamentalistas, até às finanças, claramente concentradas em quatro ou cinco pontos do planeta, passando pela grande descredibilização religiosa oposta ao aparecimento de cada vez mais pequenos grupos autodidatas que proclamam a certa verdade do mundo e do deus. A cultura cresce dentro de cada um a velocidades abismais, no que a conhecimentos diz respeito. Já no que diz respeito ao desenvolvimento da cultura de valores a velocidade tem, tendencialmente diminuído. Princípios como o da solidariedade, amor ao próximo e cidadania têm sido abruptamente repescados como se de um naufrágio se tratasse. O modelo de sociedade já não é mais o tradicional. Já não se conhece obrigatoriamente o srº padre da freguesia, tão pouco o vizinho do terceiro andar.

Na educação, valor estabelecido na sociedade como necessário e responsável pela formação dos indivíduos, os objetivos mudam a cada modelo societal em exercício. E estes parecem correr numa luta desenfreada pela inovação, pelo conhecimento e pela globalização. Os resultados estão à vista: despersonalização dos indivíduos, dos contextos e das sociedades atuais.

  

Se tentarmos, é de fato muito difícil apontar caraterísticas deste ou daquele modelo societal. A famosa era do conhecimento fez e continua a fazer acelerar a tão desejada e ansiosa mudança ao ponto de ser-nos muito complicado acompanhá-la, a todos os níveis.

Visto desta perspetiva a revolução industrial perdeu todos os seus créditos e só tem valor por si e na sua época. Hoje, o trabalho, a terra e o dinheiro que estes gerariam são necessidade extrema de alguns e luxo de outros tantos. Hoje é já possível fazer quase tudo a partir de casa, inclusive trabalhar. É a revolução digital no seu apogeu. Ramos (2007), refere Toffler, (1983): “As novas tecnologias da informação permitem o sonho da democracia electrónica”

A educação, está continuamente a ser influenciada e a influenciar esses modelos societais que se movem em contextos cada vez mais diferentes e efémeros na durabilidade das suas caraterísticas. Como refere Ramos (2007), a educação é resultado da história e determinante do futuro.  

Assim, “os sistemas educativos confrontam-se, hoje, com uma complexidade de problemas com origem no processo de evolução das políticas e na transformação ou manutenção do comportamento das administrações que as suportam, no carácter mutável das sociedades contemporâneas nos aspetos sociais, financeiros, económicos, políticos e culturais e na dificuldade de conceber soluções em contextos de incerteza permanente.” (Ramos, 2007)



Então como lidar com isto? Que sistema educativo pode e consegue driblar toda esta complexidade?










Continua.........


             Referências bibliográficas:

Ramos, C. - Tendências evolutivas das sociedades contemporâneas.

Ramos. C (2007)-Sobre o conceito de Sistema.

Ramos. C (2007) – Aspectos contextuais dos Sistemas Educativos.

Lei n.º 46/86 de 14 de Outubro.

Lei nº 85/2009 de 27 de Agosto.

Jacques Delors (2000) Educação um tesouro a descobrir- relatório para a Unesco da

Comissão Internacional sobre Educação para o séc. XXI.

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2 comentários:

mmg disse...

Olá Suzel;
Efectivamente é como tu, muito bem, afirmas. A sociedade sofreu uma série de transformações que ainda que consideremos que nada têm a ver com a educação, estão intimamente ligadas à mesma. pois não é a escola reflexo da sociedade e a escola um propulsor de mudança para a sociedade?
Há uma pergunta pelo meio do teu texto que acho curiosa e, obviamente, interessante. Numa sociedade onde não nos damos ao trabalho de conhecer os vizinhos do 3º andar e onde até ouvimos notícias de idosos abandonados nos lares pelos filhos, onde pessoas morrem e ninguém dá pela sua falta... como é que esta pretensa educação para o desenvolvimento, conhecimento, equidade e justiça funciona????

mmg disse...

esqueci-me das joquinhas e claro está... Boa Páscoa com muitas amêndoas. :)